Famílias no Zaire sensibilizadas a serem pioneiras em Protecção à Criança

Isabel Nzinga é beneficiária do Projecto de Educação e Protecção à Criança (ECPP) pela componente Todos Unidos pela Primeira Infância (TUPPI), implementado pela World Vision Angola na província do Zaire através do financiamento da Azule Energy. Ainda muito pequena foi morar com uma tia, sem a presença e o afecto de seus pais. Reflexo da negligência na infância, quando adulta tornou-se mãe, mas não sentia a necessidade de conexão junto de seu filho, o que fazia com que não conseguisse compreender as necessidades do bebé de atenção e carinho.

Desde o início de 2023 que o projecto ECPP iniciou suas intervenções no município de  M´banza Congo com o objectivo de responder à urgência relacionada à protecção da criança naquela localidade. A região é conhecida por transmitir tradições seculares e replicar certas práticas em relação aos mais pequenos, como as acusações de feitiçaria, por exemplo, que trazem consequências por vezes permanentes e comprometem os Direitos Fundamentais das Crianças.

No quadro das acções de empoderar as comunidades, cooperativas como a Martins Kidito encontravam-se desestruturadas e com pouca adesão da comunidade. O ECPP junto da componente de Cidadania Voz e Acção (CVA) mobilizou a comunidade a começar para a resolução dos seus próprios problemas.

Isabel, que já fazia parte da cooperativa, foi uma das que tomou a frente, impulsionada pela vontade de mudança, e hoje coordena as 29 mulheres que compõem o grupo “Mulheres Brilhantes”. Os 31 integrantes homens chamaram o seu sub-grupo de “Nzola”, que na língua local Kikongo que siginifica “Amor”.

Metodologias como a TUPPI estão a ser implementadas com vista a sensibilizar as famílias sobre a necessidade de se prestar mais atenção às crianças desde o nascimento, etapa que os especialistas consideram primordial para a formação do indivíduo, para melhorar e aumentar o estímulo das capacidades cognitivas desde tenra idade, e a dar mais amor e atenção praticando o afecto para com seus filhos.

“Eu estou feliz. Estamos a aprender muitas coisas. Anteriormente tinha muita dificuldade em me enquadrar e entender o meu filho, mas desde que estou aqui já consegui compreender melhor, costumo brincar com  ele, sei que posso lhe entender, e muitas coisas que antes de entrar para este grupo eu não sabia. Mas hoje em dia já tenho aquela comunicação, sei garantir que ele tem acesso aos seus direitos, e até o ambiente com ele também é diferente”, declarou sorridente Isabel.

Muitas crianças que vivem em situação de extrema pobreza sequer conhecem o gosto de ter um brinquedo para o seu lazer, mas esta metodologia demonstrou que, por exemplo, com pano e esponja os pais podem fazer uma boneca, e trazer esta alegria para as suas crianças.

“Eu aprendi que tinha a capacidade de fazer brinquedos para o meu filho, e não depender apenas de comprar. Podemos trazer sim alegria para as nossas crianças com a criatividade e trabalho de nossas mãos”, declarou Isabel, assim como outros pais que conseguiram criar bolas, carrinhos de brinquedo e a desenvolver outras recreações para seus filhos a partir de papelão, latas, e mais materiais reciclados.